Arrumar os livros
Curioso isso de arrumar os livros. Apenas pelo tamanho, os poemas mimeografados de Nicolas Behr (“Chá com Porradas”) ficaram junto dos “Poemas” de Mao TseTung e de uma edição do “Poema da Fidelidade e outros poemas”, de Vinicius de Moraes. Que diferença, meu Deus. Pela editora de um livro psiquiátrico, aprendo que há uma cidade em Illinois chamada Normal. Como é bom conviver com os livros mesmo sem ler exceto a capa; manuseá-los, limpá-los, acariciá-los, livra-los da poeira, solidário com os amarelos e rotos, contente com os americanos de capa dura. Alguns recém-chegados, outros companheiros de longas viagens, foram e voltaram, três vezes, estão aqui prontos para qualquer coisa, amigos. Livros velhos, como o de Eduardinho, amargurado, com um bilhete de alguém dentro, dizendo a meu pai, psiquiatra, que o autor precisava de psicoterapia. Precisava mesmo: se suicidou, coitado.